BOAS VINDAS AOS NOVOS CONSELHEIROS TUTELARES!
Na data de hoje, 10 de janeiro de 2019, tomaram posse em todo o país,
os conselheiros tutelares eleitos” em 06 de outubro de 2019, no
segundo processo de escolha unificado do Conselho Tutelar.
A chamada “eleição” unificada do Conselho Tutelar era uma
demanda antiga dos conselheiros e da sociedade. Teve como principal
objetivo unificar os mandatos dos conselheiros, de forma a se
facilitar o diálogo entre os conselhos e a formação continuada.
Era muito difícil, por exemplo, conselhos de cidades próximas se
reunirem para discutir ou participar de alguma formação conjunta,
estabelecer parcerias. Enquanto um órgão finalizava um mandato, o
outro estava começando.
Era difícil também se organizar pautas coletivas em razão da
rotatividade dos conselhos.
Tudo isso mudou, com a Lei Federal n°12. 969, de 25 de julho de
2012. Essa lei trouxe importante reconhecimento para os conselheiros
tutelares, pois trouxe a previsão de remuneração ( por incrível
que pareça, essa não era obrigatória até a edição daquela lei),
direito à férias remunerada, licença- paternidade e licença –
maternidade e a cobertura previdenciária.
Além disso, a lei criou o Processo de Escolha Unificado do Conselho
Tutelar, modificando a redação do art. 139 do ECA.
De acordo com essa lei, a “eleição” do Conselho Tutelar deverá
ocorrer sempre no primeiro domingo do mês de outubro do ano
posterior ao da eleição para presidente da República. A lei também
determina que a posse dos conselheiros tutelares é sempre no dia 10
de janeiro do ano posterior ao do Processo de Escolha Unificado. A
lei mudou também a duração do mandato, que antes era de 03 anos,
para 04 anos.
Outra modificação importante com relação ao processo de escolha
do Conselho Tutelar foi realizado pela Lei Federal n° 13. 824, de 09
de maio de 2019. Essa lei acabou com a limitação de mandatos para a
função de conselheiro tutelar. Ou seja, agora o conselheiro tutelar
poder ter quantos mandatos sucessivos desejar, desde que participe e
concorra sempre no processo de escolha do Conselho Tutelar,
submetendo-se a todas as etapas do processo, como qualquer outro
candidato.
Considero muito importante essa mudança pois bons conselheiros têm
a possibilidade de permanecer no Conselho Tutelar e no final, a
sociedade é que vai decidir.
Enfim, esse resumo foi apenas para destacar as principais
modificações do ECA, que permitiram chegar a esse momento.
Mas, podemos perguntar, qual a importância do Conselho Tutelar e do
ser conselheiro tutelar?
O ECA e a Constituição Federal adotaram o princípio da proteção
integral. Com esse princípio, as crianças e os adolescentes
passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos. Ser sujeito de
direito significa dizer que você tem respaldo nas leis para fazer
valer aquilo que a lei lhe confere. Antes as crianças e adolescentes
eram como “objetos de proteção, tanto por parte dos pais, como
por parte do poder públicos.
Umas das importantes premissas da Doutrina da proteção integral é
o compartilhamento de responsabilidades para a proteção de crianças
e adolescentes. Assim, a Constituição diz que é dever dos pais, da
sociedade e do poder publico assegurar os direitos dessa categoria.
Foram então criados os conselhos tutelares, órgãos que representam
a sociedade no compartilhamento dessas responsabilidades. Por isso, o
art. 132 estabelece que os cidadãos escolherão os conselheiros
tutelares. Esses representam a sociedade na proteção de crianças e
adolescentes.
Fundamental, então, que cada conselheiro tutelar que assumiu hoje o
mandato compreenda o seu papel como defensor de crianças e
adolescentes. É em razão dessa categoria que existe o Conselho
Tutelar. É grande a responsabilidade e ela deve ser encarada com
ética, compromisso e seriedade.
O Conselheiro tutelar deve sempre pautar a si mesmo por essa razão
principal: os direitos de crianças e adolescentes. O Conselho e o
conselheiro são instrumentos para a efetivação desse proteção.
Não são fins em si mesmo, ou seja, não existem para si mesmos, mas
para crianças e adolescentes.
Ser conselheiro tutelar é saber do seu papel e cumpri-lo do melhor
modo possível, reconhecendo como um elemento de construção de uma
sociedade em que os direitos de crianças e adolescentes sejam
respeitados. Não é fácil, as dificuldades são muitas. Não se
iluda, mas a partir do momento em que se busca o aperfeiçoamento de
sua atividade, o trabalho em conjunto, a busca de parceria e a
presença constante na comunidade, é possível modificar realidades,
para melhor.
Essa é a missão fundamental. Retornaremos com mais textos e
discussões sobre esse importante órgão de proteção.
José Claudeir Batista Alcântara.